quarta-feira, 20 de outubro de 2010

START - Seminário de Sustentabilidade

Responsabilidade sócio-ambiental tornou-se oportunidade de negócios

Especialistas debateram o tema em seminário de sustentatabilidade promovido pela Amcham e Net Impact.

Sustentabilidade é realidade da agenda dos executivos atentos às mudanças culturais. Uma empresa sustentável, comprometida com a responsabilidade socioambiental, é ótima oportunidade de tornar os negócios mais lucrativos, porque o consumidor, hoje, espera mais do que um produto, ele quer comprar também valores sociais e ética, segundo Claudia Lorenzo, Diretora de Negócios Sociais da Coca-Cola Brasil e Diretora Executiva do Instituto Coca-Cola Brasil. “Existe uma mudança da sociedade. A criança de agora está aprendendo para se tornar um adulto com mentalidade sustentável. Esse será o futuro e a demanda será por ações responsáveis”, afirmou Claudia, nesta quinta-feira (14/10), no START – Seminário de Sustentabilidade, realizado pela AMCHAM- Porto Alegre e pela Net Impact, rede que visa criar líderes para esta nova geração.

Acreditando na ideia de unir sustentabilidade e lucro, a Coca-Cola Brasil criou, há menos de um ano, a área de Negócio Social, apenas para desenvolver negócios e benefícios sociais ao mesmo tempo. “Estamos presente na vida de 80% dos brasileiros de todas as rendas. Queríamos agregar mais valor à empresa e capturar melhor as oportunidades. Vimos então, que gerar benefício social seria um bom negócio pra Coca-Cola também, pois levaríamos mais para a vida de grande parte do nosso público”, explica Claudia.

Um dos projetos mais recentes é o Coletivo, que, com a ajuda de Organizações Não Governamentais (ONG’s), capacita jovens em áreas de baixa renda social para que consigam empregos na rede de parceiros da Coca-Cola. Em troca, eles ajudam a vender mais o refrigerante dentro de suas comunidades. Claudia acredita que qualquer empresa pode buscar esta perspectiva, basta ser criativo e pensar o tempo todo em como levar benefícios através do seu negócio. Ainda alerta a boa fase que os empreededores têm pela frente. “Projetos sustentáveis possuem muito apoio do governo e das empresas. Há verba pública e privada disponível, o que faltam são boas ideias”, esclarece.

Conceito

Para que um empreendimento seja considerado sustentável, necessita ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo, culturalmente aceito e cumprir com os deveres éticos. Entretanto, líderes da prática destacam a falta de entendimento sobre as cinco vertentes pela sociedade. “Não entendo por que a iniciativa ambiental é mais visada em detrimento das sociais e culturais. Existe uma discussão enorme sobre isso”, revela Claudia, diretora da Coca-Cola.

Ela vê a confusão como resultado de um entendimento de muitos gestores de que banefício social é uma forma de assistencialismo ou filantropia. “Devido a responsabilidade social, criou-se uma mentalidade de que tudo que é social serve apenas para responder à sociedade ou diminuir a culpa de ter resultado financeiro. Gerar negócio e benefício social, ao mesmo tempo, é um processo muito novo, temos um enorme caminho a percorrer”, acredita.

Caso Braskem

O diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto, também presente no START, acredita que os micro e médios empresários ainda têm medo de investir em sustentabilidade, pois acham que pode ser uma ameaça às finanças. Porém, alertou que os ganhos proporcionados à sociedade e as oportunidades de novos negócios são diferenciais competitivos no mercado.

Foi a caso da Braskem, que inovou com o recente lançamento de um pólo de produção em energia renovável, em Triunfo, Rio Grande do Sul. “Foi uma decisão estratégica da Braskem ser sustentável. Corremos riscos e investimos 140 milhões em ações socioambientais, de 2005 a 2008. Felizmente acertamos”, diz Soto.

Outra questão importante para o sucesso da Braskem, foi a decisão tomada na hora certa. Soto conta que na década de 70, uma das fábricas, localizada em Alagoas, produziu eteno a partir de álcool pela primeira vez e a ideia foi abandonada porque não era viável economicamente. “Naquele tempo comprar mais caro por uma energia limpa não era importante para o mercado. Já hoje, o consumidor paga mais caro por um produto que faça diferença na sociedade. Tivemos que esperar este momento”, explica ele.

Cenário no Brasil

O Brasil, historicamente, com os programas que já desenvolveu e pela sua geografia, tem um referencial de sustentabilidade positivo em relação aos demais países do Bric, destacou Jorge Soto. Por contar com riqueza hídrica e solo fértil, o país reúne condições para produzir alimentos e matérias primas para a energia renovável, que é o futuro do mundo pelas crenças do diretor da Braskem.

Ele diz que há muito espaço para outras empresas investirem em energia limpa, já que hoje somente uma parcela de 18% da terra arável brasileira é destinada à agricultura e, apenas 1% é voltado para a cana de açúcar. “Temos muito espaço para ocupar. Ainda mais com os avanços da tecnologia voltados a produzir álcool a partir de celulose, que possibilitará o uso de todos os resíduos de agricultura para a sua produção”, comemora o engenheiro.

No seminário, os especialistas aproveitaram para discutir que algumas normas já estão sendo adotadas pelo governo federal para que, cada vez mais, as empresas assumam práticas sustentáveis. É o caso da nova Lei de Resíduos Sólidos, que exigirá maior responsabilidade das empresas e indústrias quanto as medidas adotadas em relação à logística reversa, e a Norma Internacional de Responsabilidade Social-ISO 26000, que deverá ser lançada em dezembro deste ano.

Claudia da Coca-Cola ressaltou que o mundo já se convenceu da importância em ser sustentável e que o Brasil vive iniciativas pontuais sobre o tema. “O que se vê são iniciativas pessoais e crenças isoladas de sustentabilidade. Precisamos transformá-la em prática efetiva no País”, afirma.

START

Foram mais de 300 inscritos no Start – Seminário de Sustentabilidade, entre gestores, agentes do governo e estudantes. O evento contou com além de Claudia Lorenzo, diretora da Coca-Cola e Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, com Rodrigo Baggio, fundador da CDI, organização que visa a inclusão social através da tecnolgia e do jornalista Dal Marcondes, ganhador do Prêmio Ethos de Jornalismo 2006 e 2008. A mediação ficou por conta do professor Cid Alledi, sócio-gerente da Núcleo Ético.

Ainda como parte do seminário, Cid Alledi apresentou uma pesquisa realizada em 2010 pela agência de Relações Públicas Edelmam, onde as práticas honestas e transparentes representam 83% dos fatores da boa reputação corporativa no Brasil. O professor ressaltou a importância de ser ético e fazer sustentabilidade com verdade. “Vivemos em um mundo 2.0, conectado com as redes sociais. As coisas não podem mais ser varridas para de baixo do tapete, pois alguém vai te descobrir.”

1 Comment:

Ser.RP... said...

Linkamos o seu blog no www.serrp.blogspot.com
Sucessos!!
Abraços.